CARACTERÍSTICAS DAS SEITAS - DEFINIÇÃO.

CARACTERÍSTICAS DAS SEITAS - DEFINIÇÃO.

 

Quero iniciar uma abordagem sobre essa matéria que é tão importante na apologética que precisa ser minuciosamente estudada para fins de conceitos pessoais, para consolidação de convicções individuais mais do que para outros fins.

Utilizarei a definição do que se entende por seita e levantarei pontos históricos e doutrinários para tentar dar de uma forma um pouco mais ampla ao sentido do termo para formular uma ideia.

O que é uma seita?

Seita é um termo que deriva do latim "secta", cujo significado é seguidor. O termo é utilizado para designar um grupo numeroso de uma determinada corrente religiosa, filosófica ou política que se destaca da doutrina principal.

O que é um sectário?

Sectário é um termo que designa o indivíduo que faz parte de uma seita. Uma seita pode também ser considerada uma "divisão", "partido" ou "facção". Somente essa definição traz uma breve ideia do que é uma seita, que poderia ser facilmente definida com a palavra "divergência".

Uma divergência é a separação , a ruptura de indivíduos quebrando o elo que une um todo que gira em torno da mesma ideia, religião ou partido.

Essa ruptura justamente acontece quando as ideias passam a divergir, quando a religião recebe acréscimos ou sofre subtrações e quando um partido seja ele religioso ou idealista não tem os mesmos conceitos e não se ajusta a certos tipos de doutrinas, no caso da religião.

Como participo de frequentes debates com católicos, um dos argumentos mais utilizados por eles é que o protestantismo é uma seita divergente do catolicismo, e isso eles sustentam a fim de provarem sua legitimidade e tornar ilegítimo o que não se une a eles.

Em outro artigo tratarei de mais características que compõe as seitas, mas em meus estudos sobre o assunto o que me impressiona é que todas elas possuem as mesmas características, e uma dessas características é "impor" legitimidade, afirmando que apenas ela própria detém em si os conceitos genuínos da verdade, ou seja toda seita quer ser dona da verdade.

Como fiz menção do catolicismo romano, analisaremos se o argumento procede, e se de fato é o catolicismo a religião verdadeira como afirma ser.

O Cisma, o grande cisma do oriente, foi a separação da igreja do ocidente da igreja do oriente, separando assim o catolicismo "ortodoxo" do catolicismo que posteriormente se chamaria romano.

Quero colocar ambos os pontos de vista e a alegação de ambos para explicar essa ruptura. Os ortodoxos afirmam: "O Oriente nunca aceitou a jurisdição regular de Roma, nem submeter-se a julgamento de bispos ocidentais. Seus apelos a Roma de ajuda não estavam relacionados com o reconhecimento do princípio da jurisdição romana, mas foram baseadas na visão de que Roma tinha a mesma verdade, o mesmo bom. O oriente ciosamente protegeu seu modo de vida autônomo. Roma interveio para garantir a observação das normas legais, para manter a ortodoxia da fé e para garantir a comunhão entre as duas partes da Igreja, Roma vem representar e personificar o Ocidente ... Em segundo, sobre o "primado de honra" para Roma, o Oriente nega que essa primazia se baseie sobre a sucessão e a presença ainda viva do apóstolo Pedro. Um modus vivendi foi alcançado, que durou, embora com crises, até o meados do século XI. " [Congar. Y., (1982) Diversidade e Comunhão (Mystic: Vigésima Terceira), pp 26-27]

Os romanos confirmam: "Bem, mas a questão fundamental mesmo foi a disputa entre a PRIMAZIA PAPAL, a autoridade do Papa sobre as outras igrejas.

Isto aconteceu no pontificado do Papa Leão IX. Havendo a incitação contra o pontificado do Bispo de Roma, como sendo o líder visível de toda a Igreja, o Papa Leão IX que havia retornado de uma prisão, enviou seu Legado Papal, o Cardeal Cardeal Humberto de Silva Candida, na tentativa de reverter a situação com o então patriarca de Constantinopla Miguel Cerulário.

O diálogo entre os dois parece não ter sido nada amigável, sendo seguida por uma excomunhão de ambas as partes. E então, nasce O Grande Cisma do Oriente. ( SITE CATÓLICO CATEQUESE PARA LEIGOS).

Utilizei-me desse site, pois, ele explica de uma forma mais didática sobre o cisma. Na verdade fica claro que as "divergências" começaram por uma espécie de disputa politica onde Roma, como sempre, tenta impor sua supremacia sobre os demais como sendo ela detentora da verdade e reivindicá para si exclusividade nas decisões politicas e religiosas.

 

Esse desejo foi e sempre será o principal motivo das rupturas, divergências e separações de grupos que disputam o poder sobre valores temporais econômicos e geográficos. No entanto, descobrimos que o catolicismo é a mais antiga seita existente, e se condena naquilo que acusa.

Jesus e as divergências

Por diversas vezes Jesus se posiciona diante de questionamentos que tentam por em duvida sua legitimidade como Filho de Deus e tais questionamentos eram feitos com o propósito de descredibiliza-lo diante do povo e dos seus discípulos.

Tais questionamentos sempre tinham como intuito "a arrogante prepotência de exaltar a religião do questionador se esse conseguisse seu objetivo".

Esses questionamentos sempre eram feitos em publico para persuadir os ouvintes que ali estavam, com intuito de atrair a atenção para si e desmerecer quem é questionado.

Um dos questionamentos mais marcantes é justamente de um romano a Jesus, diante do interrogatório que antecede sua crucificação.

João 18.33-37: Tornou Pilatos a entrar no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus? 34 Respondeu Jesus: Vem de ti mesmo esta pergunta ou to disseram outros a meu respeito? 35 Replicou Pilatos: Porventura, sou judeu? A tua própria gente e os principais sacerdotes é que te entregaram a mim. Que fizeste? 36 Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui. 37 Então, lhe disse Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.

Pilatos queria uma confissão que pudesse incriminar Jesus perante a lei romana e sua pergunta tem como propósito uma alegação do próprio Jesus sobre uma possível divergência politica, para sentenciar Jesus no crime de atentar contra o imperador e a monarquia.

Mas a resposta de Jesus é inspiradora e ele diante do questionamento não nega quem ele é, ou seja, o verdadeiro Rei. No entanto, revela que seu reinado não é desse mundo e assim, indiretamente, diz que nada quer desse domínio temporal e que não almeja o poder secular, por saber o quanto grandioso é o seu Reino.

Assim sejamos nós diante do nossos questionadores e acusadores, pois se realmente estivermos convictos que uma pátria celestial nos aguarda, saberemos responder aos sectários, dizendo a eles, que nós apenas estamos no mundo mais não pertencemos a ele, portanto tudo que nele está não é nada comparado ao que nos aguarda na eternidade.

"Homens espirituais não são sectários, mais homens carnais acusam outros de sectarismo, refletindo o próprio sectarismo faccioso sendo ele divergente pela carnalidade de sua mente".

 

Por: João Vitor

Data: 13/06/2016