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O Programa Divino para as Dispensações.

O Programa Divino para as Dispensações.

 

 

 

Conquanto algumas fases do programa divino das épocas pertencem propriamente à Escatologia, e estas serão observadas mais tarde dentro desse assunto, a matéria excede os limites da Escatologia, e, assim tão vasta, deve ser reconhecida como fundamental para o entendimento correto das obras de Deus em relação a este mundo.

O estudo dispensacionalista da Bíblia consiste na identificação de certos períodos de tempo bem definidos que são divinamente indicados com o propósito revelado por Deus relativo a cada período.

Um reconhecimento das distinções divinamente indicadas quanto aos períodos de tempo e as mensagens pertencentes a cada período é o verdadeiro fundamento de uma ciência como a Teologia , que se propõe a descobrir e a exibir a verdade concernentes às obras de Deus.

Não há maneira possível de se avaliar o grau de erro que é prevalecente por causa da leitura desatenta de uma dispensação ou época de que uma pertence a outra.

Que Deus tem um programa estabelecido das dispensações é mostrado em muitas passagens (cf. Dt 30.1-10; Dn 2.31-45; 7.1-28; 9.24-27; Os 3.4,5; Mt 23.37-25.46; At 15.13-18; Rm 11.13-29; 2Ts 2.1-12; Ap 2.1-22.21).

Igualmente, há períodos bem definidos de tempo relacionados ao propósito divino.O apóstolo Paulo escreve a respeito do período entre Adão e Moisés (Rm 5.14); João fala da lei como dada por Moisés, mas da graça e verdade como vindas de Cristo (Jo 1.17).

Cristo também fala do “tempo dos gentios” (Lc 21.24), que deve ser evidentemente distinto dos “tempos e estações” dos judeus (At 1.7; 1 Ts 5.1). Igualmente, Ele falou de um período até aqui não anunciado entre os dois adventos e indicou os seus aspectos distintivos (Mt 13.1-51), e predisse um tempo ainda futuro de “grande tribulação” e definiu o seu caráter (Mt 24.9-31). Há os “últimos dias” para Israel (Is 2.1-5), assim como “os últimos dias” para a Igreja (2 Tm 3.1-5).

O apóstolo João prevê um período de mil anos e relaciona isto ao reino de Cristo, tempo em que a Igreja, sua Noiva, reinará com Ele (Ap 20.1-6). Que Cristo se sentará sobre o trono de Davi e reinará sobre a casa de Jacó para sempre está declarado pelo anjo Gabriel (Lc 1.31-33), e que haverá um novo céu e urna nova terra permanentes está claramente revelado (Is 65.17; 66.22; 2 Pe 3.13; Ap 21.1).

Em Hebreus 1.1,2, um agudo contraste é feito entre o “tempo passado”, quando Deus falou aos pais pelos profetas e “nestes últimos dias” quando Ele se manifesta a nós através de seu Filho.

Também está claramente revelado que há urna era passada (Ef 3.5; G1 1.26), urna era presente (Rm 12.2; G1 1.4), e urna era ou eras futuras (Ef 2.7; Hb 6.5; observe Ef 1.10, onde a era futura é chamada de dispensação -οικονομία -da plenitude-πλήρωμα-dos tempos -καιρό.

O uso de αιώνας em Hebreus 1.2 e 11.3 com a sua referência quase universal a tempo, seja obrigatório ou não, é de significação especial como indicação do arranjo divino com relação aos períodos de tempo.

O primeiro τούς αιώνας e o último com κατηρτίσθαι τούς αιώνας tem sido muito contestado. Dean Alford afirma: “São duas as principais classes de intérpretes: (1) os que vêem na palavra o seu significado comum de ‘uma época de tempo’; (2) os que não reconhecem tal significado, mas supõem que ele ficou absorvido no de "o mundo" ou "os mundos". Ao primeiro pertencem os pais gregos e alguns outros. Por outro lado, os últimos têm a sua ideia na maioria dos comentadores”.

Em diversas passagens, inclusive nas duas em questão, Vincent declara que αιώνας refere-se ao “universo, o agregado das eras ou períodos, e seus conteúdos que estão inclusos na duração do mundo”.

A palavra, ele afirma, “significa um período de tempo". De outra forma, seria impossível justificar o plural, ou tais expressões qualificadoras como esta época, a era vindoura”.

Quando consideramos o significado aceito de αιώνας, a interpretação natural da passagem em questão é que Deus fez por Cristo um arranjo de períodos sucessivos, muito além do καιρός dentro do χρόνος, e estende-se na verdade às coisas eternas ou de eternidade a eternidade.

Esta interpretação, segundo Alford, sustentada pelos pais gregos, embora não esteja livre de dificuldades, tem mais do que uma importância passageira para os que discernem o fato, a força e a fruição dos períodos de tempo de Deus.

O estudante das Escrituras, que é dedicado à sua tarefa, descobrirá que os grandes períodos de tempo de Deus, caracterizados como são por propósitos divinos específicos, encaixam-se numa ordem bem definida, e avançam com a certeza infinita para a consumação gloriosa que Deus decretou. Há uma ordem dos dias da criação.

A dispensação dos patriarcas é seguida pela dos juízes, e esta, por sua vez, é seguida pela dos reis. Os ,tempos dos gentios’, que terminam com a dispensação dos reis, continuam até o dia de Jeová, cujo período extenso é seguido pelo dia de Deus, caracterizado como é pelos novos céus e nova terra, que deverão ser não somente santos em grau infinito, mas também permanecerão para sempre.

O programa de Deus é tão importante para o teólogo como o projeto é para o construtor ou a carta para o marinheiro. Sem o conhecimento dele, o estudante ficará à deriva na doutrina e falhará em grande medida nas suas tentativas de harmonizar e utilizar as Escrituras.

Sem dúvida, uma pessoa espiritualmente inclinada, que não conhece o programa divino, pode discernir verdades espirituais isoladas, exatamente como alguém pode desfrutar um ponto de cor rara numa pintura sem observar o quadro propriamente dito ou a contribuição específica que a cor traz ao todo.

 

Por: João Vitor
Data: 19/12/2016